Antes de amar-te, amor,
nada era meu:
vacilei pelas ruas
e coisas:
nada contava,
nem tinha nome:
o mundo era
vacilei pelas ruas
e coisas:
nada contava,
nem tinha nome:
o mundo era
do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que
insistiam na areia.
Tudo estava vazio,morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,
tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua luz, teu sorriso
encheram minha alma.
Tudo estava vazio,morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,
tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua luz, teu sorriso
encheram minha alma.
Nomes e prenomes tive
beijos, caricias e
beijos, caricias e
carinhos me deste,
e tua beleza e tua
e tua beleza e tua
pobreza de dádivas
encheram meu outono,
encheram meu outono,
meu inverno,
minha primavera,
meu verão
minha primavera,
meu verão
e agora,
sem o outono de volta...
Pablo Neruda
1904-2004
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